“Tropa I” causou alvoroço porque:
1) Rompeu um longo período de glorificação do crime e dos criminosos no cinema nacional, mostrando o policial como um herói. Com métodos não lá muito ortodoxos, mas um herói.
2) Atirou na cara da classe média que fuma maconha e cheira pó que o simples fato de fazê-lo é o maior motor da criminalidade da qual eles tanto reclamam e contra a qual promovem tantos eventos “da paz”.
3) Mostrou a promiscuidade entre a bandidagem e as ditas “organizações” que realizam “trabalhos sociais”, além do total despreparo e alienação dos estudantes universitários;
Por mostrar essas obviedades o filme foi acusado de ser “de direita”, esse xingamento infalível que só funciona num país onde, de fato, ela inexiste. O diretor José Padilha e o próprio Wagner Moura foram de tal forma acossados pela tchurma politchicamentche correta encastelada na mídia, ONGs e “movimentos sociais” que não conseguiam dar uma entrevista sem se explicar, contritamente, que discordavam de quase tudo que era mostrado ali. Eu mesmo vi uma palestra de Rodrigo Pimentel – ex-capitão do BOPE e um dos roteiristas do filme – aqui no Recife onde ele só faltou defender a legalização da maconha...
Isto posto, vocês sinceramente acham que vai vir por aí um filme com a mesma dose de verdade e virulência de Tropa I?
Pago pra ver. E para queimar minha língua.
Felipe,
Tem uma coisa que eu acho do caralho em Tropa de Elite. É a de que é um filme que tem vários filmes nele, que permite vários olhares, dependendo da maneira com que se olha e quem tá olhando.
Eu e vc temos um monte de coisa em comum e mesmo assim a gente consegue ver o filme diferente. Vc disse três coisas e eu vou dizer mais três
1) O filme é o primeiro que abre as feridas da polícia indo além do "os home são corrupto e violento". Ele explica quase didaticamente quais são os problemas da polícia 'do mal' (corrupta) e 'do bem' (assassina e torturadora). Também mostra os policiais como nunca foi mostrado: como gente que tem desejos, ambições, bastante qualidade. Não são heróis, são pessoas iguais a eu e vc.
2) O filme é o primeiro que mostra a ineficiência do aparelho policial em combater o tráfico de drogas justamente por afirmar categoricamente que o problema das drogas não é uma questão de polícia. O Capitão Nascimento acha - e diz categoricamente - que a policia deveria ter mais o que fazer além de perseguir maconheiro.
3) Mostra o distanciamento da classe média com o mundo 'real' das ruas, porque - acho que concordo com vc - discutir numa aula de filosofia e fazer passeata pela paz é bem mais fácil do que fazer alguma coisa para interferir na realidade em que se vive.
Ah, e tanto Pimentel quanto Moura e Padilha deram várias entrevistas dizendo que são a favor da descriminalização da maconha.
Como vc, duvido que o Tropa de Elite 2 cause tanto impacto. O Tropa 1 é um marco que começou pela distribuição maciça através de cópias vendidas em carrinhos e camelôs. Nenhum outro filme antes dele teve tanto público entre as camadas mais diversas da população.
Além, é claro, de ter sido um filme ducarai!
Grande Morales!
Seguinte: também subscrevo praticamente tudo que escreveste. Só faço uma ressalva com relação ao "herói" (sustentando-o): o povo vibrou, sim, com o Capitão, porque tava cansado de ver tanta gente "igual a mim e a você", só que do outro lado da moeda, sacas?
Outra: o problema, repito, não é do filme, nem dos espectadores: é de setores (amplos, diga-se de passagem) da intelectualidade "iluminada" que sentiu, literalmente, ofendida. Uma coisa é um cara como você, que tem suas convicções e as expõe da forma consagrada pela sociedade: a argumentação civilizada. Outra é o exército de rotuladores que não aguenta ver a "patota" mostrada de outra forma.
É isso, brother. Seja sempre bem vindo com essas provocações!
E PELO SPORT TUDO, PORRA!!!
:)
Abs
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